sábado, setembro 17, 2005

NEVERWHERE

É, gostei, não é um Deuses Americanos mas já é uma obra do Gaiman, a qual era uma série da TV BBC que saiu em DVD lá para os gringos. É sobre a Londres-de-Baixo, dos subterrâneos. Lá vivem pessoas e coisas que não são percebidas pelas pessoas da Londres-de-Cima, a única coisa que existe em comum entre as duas realidades é o metrô. Existem um anjo, pessoas-que-falam-com-ratos, seres quase imortais e tantas coisas a maneira do Gaiman, mas é uma história levinha. Imagine que você trabalha como eu, vai e volta do trampo, tem seus pequenos momentos de prazer, vivendo numa cidade grande, um dia você tropeça numa pessoa e esta faz sua vida mudar radicalmente, você deixa de exister, sua casa, seus amigos, sua família esquecem que um dia você existiu. As únicas pessoas que lhe percebem são aquelas que vivem num misterioso mundo subterrâneo de estações fantasmas, seres mágicos e loucos como Alice no País das Maravilhas. Lá você vive aventuras perigosas e emocionantes e busca uma maneira de retornar a sua vida. Então após a busca desse seu sonho você consegue retomar a realidade que tanto buscou mas então se dá conta de que era uma realidade sonsa, sem graça. Sente-se um peixe fora d'água e então retorna ao submundo e o livro acaba nos deixando com aquele gostinho de quero mais.

terça-feira, setembro 13, 2005

Matar

Essa semana houve uma chacina na casa de uma família classe média de japoneses. Não estando satisfeitos com o roubo os ladrões mataram a todos, acho que sobreviveu um bebê e mais um rapaz. Matar deve ser fácil depois da primeira vez, cria-se uma falta de sentimento para com o próximo e as vezes prazer na dor deste. As pessoas passam a ser apenas insetos, sem nenhum valor. O jornalista que foi morto no Rio com requintes de crueldade usando espadas-samurai. Meu primo foi morto com um tiro na nuca e a namorada dele passou três dias com os assassinos antes de morrer. Consegue imaginar pelo que ela passou? Para alguns existe a certeza da impunidade o que lhe dá poderes divinos de vida e morte e outros devem gostar de provocar dor e matar. Você poderia andar pela rua, uma pessoa olharia pra você e por algum motivo enfiaria uma faca em suas costas e no máximo levaria os poucos trocados da sua carteira. Eu consigo imaginar um animal matar outro para lhe roubar a comida ou para comê-lo pois é assim que funciona na natureza. O animal não sente prazer de fazê-lo. O que leva um ser humano matar outro gratuitamente e poder chegar a ter prazer com isso? Por que alguns gostam de filmes violentos como do Tarantino? (confesso que eu gosto) Será que matar é fácil para todos nós, só que a maioria não ultrapassou esse limite. Há algo de libertador em tirar a vida de alguém? Um dia tive um sonho, era noite e brigava com um homem, não lembro de nada dele mas lembro do momento em que o matei com uma faca, abri a garganta dele sentindo a pele esticada do pescoço dele "destencionar" com a passagem da lâmina sem sentir um pingo sequer daquele "freio emocional" que sentimos ao tentarmos nos infrigir algum corte. No sonho senti prazer naquilo e uma certa preocupação em como esconder o fato. Carreguei o morto pela rua e larguei-o na rua de cima. Se matar nos liberta ao passarmos um limite moralmente não aceito pela sociedade então o assassino-em-série é a evolução do homem. Nunca conversei com alguém que matou outra pessoa, que eu saiba. Falei com um pré-policial uma vez, filho de um delegado, que dizia ter atirado em alguns presos, mas obviamente não acreditei no rapaz.

terça-feira, setembro 06, 2005

Imagens do Inconsciente

Hoje fui comprar os ingressos pro Mawaca no sábado e a balconista já foi me dando entrada para a um dos filmes da Mostra Leon Hirszman. De graça até injeção na testa então fui ver sem saber o que esperar. Assisti ao terceiro episódio do documentário Imagens do Inconsciente cujo título é A barca do Sol - Carlos Pertuis (Filho de imigrantes franceses, Carlos Pertuis (1910-1977) foi internado aos 29 anos quando teve uma visão cósmica do “planetário de Deus”. Algumas pinturas que produziu durante as internações foram analisadas por Jung no II Congresso de Psiquiatria, realizado na Suíça em 1957 ) representações Dionísicas, referências a Mitra e a Deusa-Mãe primordial numa linguagem quase-técnica e um rítmo mais lento que tartaruga. O assunto salva o documentário. Falta um pouco de dinamismo, edição e imaginação. Pude ouvir que no fundo do cinema alguém dormiu e pra falar a verdade quase segui o exemplo. O Inconsciente Coletivo de Jung é aplicado as imagens pintadas por Carlos Pertuis no Ateliê de Pintura e Modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro (atual Museu de Imagens do Inconsciente). O assunto é extremamente interessante e gostaria de me aprofundar mas estou um pouco lotado de coisas pra fazer no momento.

domingo, setembro 04, 2005

Livros

Na adolescência não gostava de ler, era um escravo televisivo, lia os livros da escola como aqueles do Marcos Rey. Mas por forças maiores, ou seja, meu tio e meu pai, comecei a ler ficção científica. Cresci assistindo Guerra nas Estrelas no cinema e Jornadas nas Estrelas na tv, junto com Galactica e Buck Rogers. Comecei pela leitura mensal de um livro de bolso da série chamada Perry Rhodan. Li uns cento e pouco deles, tenho alguns ainda, os que classifiquei como melhores, os outros troquei no Sebo. Li alguns maiores como 2010, 2061 e 3001. Por causa de Fundação nunca li Isaac Asimov, criei uma aversão. Nuvem Negra, A Vingança do Marciano, Vento Solar, A Boneca do Destino e muitos outros. Mas depois de Poe mudei de idéia, e ao mesmo tempo conheci Neil Gaiman (que era história em quadrinhos mas não essas de super-heróis). O terror caiu no meu gosto, não parei de ler ficção mas diminuí. Na época em que joguei RPG conheci JRR Tolkien e li a trilogia e mais algumas coisas. Philip Jose Farmer me segurou na ficção-científica mais um pouco, mas passei mais para fantasia e terror. Lewis Carroll, H.P.Lovecraft, uma salada de gêneros. Então comecei com os "intelectuais", os grandes. Li um do Marx, Dostoievski e alguns outros mas sinto que perco um pouco a vontade de ler. Um bom e leve romance como O Código Da Vinci é fácil de digerir, como assistir Indiana Jones por exemplo. Já quando o texto têm mais profundidade é necessário prestar atenção a cada parágrafo. E concentração não é o meu forte, fico dispersando. Agora estou lendo Nietzche, depois dele um do Gaiman, talvez Júlio Verne e Mr. Hyde e Dr. Jekyll que comprei por um real. Poderia ser como em Matrix e seria só espetar um plug no crânio e passar a informação instantaneamente. Rápido e fácil. Leria tudo que visse a minha frente, gosto de ler pena que não consiga mais ser rápido. Daqui a pouco vou voltar pro Nietzche mas vou conseguir ler apenas algumas poucas palavras.

quinta-feira, setembro 01, 2005

Saco!

Tive uma lembrança, um sentimento nostálgico sobre uma coisa insignificante, uma saudade dos sacos-de-papel-pardo-de-supermercado. Não existiam os sacos plásticos de hoje em dia em polipropileno (obs. os primeiros plásticos eram feitos de mistura de leite e plantas). É claro que as árvores e os xeiques do petróleo agradeceram a mudança mas ainda acho essas sacolinhas plásticas sem charme e o destino delas é virar saco-de-lixo-de-pobre, e claro, isso me inclui. Dava para fazer dois furinhos pros olhos e enfiar a cabeça dentro que ficava muito bom.
Hoje só sobrevivem os saquinhos de pão e mesmo esses acho que acabarão um dia.
Parece idiota ter saudades de algo tão banal mas não é não, quando mais velho ficamos mais lembranças idiotas nos retornam, e essas são as melhores pois as outras são ruíns.
Mas o petróleo vai acabar um dia e quem sabe qual será o futuro das embalagens plásticas.
Uma professora de materiais flexíveis disse uma vez que isso pode vir a acontecer, então os sacos-de-papel-pardo-de-supermercado poderão retornar, assim como o celofane (é papel sim) e alguém, quem sabe, terá saudades dos sacos plásticos.