sábado, dezembro 10, 2005

Lidar com humanos

Acho que deveriam nos ensinar desde o maternal a lidar com o próximo e estar preparado para tudo. Aceitar as opções e os erros, saber o que falar e quando falar em todas as possíveis situações do dia-a-dia. Existe uma pessoa em minha vida que não quer falar comigo pois ela tem um problema que sou eu e ao mesmo tempo não sou eu... dá pra entender?
Não consigo falar mais que dois minutos com ela desde outubro e não avejo desde agosto.
Ela está me deixando com vontade de deixar pra lá, ignorá-la ou esquecê-la mas não consigo.
O cachorro de casa é tão simples, abana o rabo quando tá feliz e late quando tá nervoso.

Briga de Bêbado

Brigas de bêbados às vezes são engraçadas. Enquanto esperava o ônibus dois possíveis moradores-de-rua bêbados os quais discutiam diferenças regionais. Um deles é paraibano e o outro não sei, não ouvi. Após o bate-boca saíram no braço. O não-paraibano caiu após um tapa na cara. Levantou-se devagar e afastou-se. O tapa foi fraco mas o alcool ajudou. Até esse momento estava até engraçado, mas logo chegaram quatro para bater no não-paraibano que estava retornando à discussão. Não sei no que deu pois embarquei.

segunda-feira, novembro 07, 2005

sacra igreja romana

Existe maior merchandising que o praticado pela igreja. Dois mil anos vendendo uma idéia em forma de santinhos, pingentes de plástico e velas. Vendendo idéias atrasadas, nutrindo o caos no mundo e protegendo seus bens que incluem suas terras, latifúndios esparramados pelo mundo. Continuando na sua luta contra os pagãos & cia. Tudo não passa de um negócio que se mantém através das regalias obtidas na idade média que ainda resistem mesmo que sem a força de outrora. Não que a concorrência preste, não presta... mas a sacra igreja romana foi a maior por muito tempo e esbanja ainda algumas qualidades soberanas. Padres inocentes como Michael Jackson, terras protegidas contra "invasões", campanhas contra o controle de natalidade, a diminuição da mulher, falsos pecados e falsos santos, a banalização da divindade. Seu deus uno é acompanhado pelo filho bastardo, pela santa-alma-penada e por centenas de divindades regionais, isso sem contar os anjos, arcanjos e demônios de plantão. Talvez um dia ela acabe, talvez não, mas será que alguém um dia pesará todos os males que a instituição fez ao mundo?
Será que o carpinteiro de Nazareth imaginou isto?

quarta-feira, outubro 19, 2005

AHHHH!!!!!!!!!!

Raiva, angústia, ódio, medo, desejo, tristeza, solidão, esperança, fuga, esquecimento, dor e ainda não é quarta-feira, acho que preciso de um gole.

terça-feira, outubro 18, 2005

Uma do Manuel:
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei e bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada...

Anos atrás um ex-amigo e ex-patrão de meu pai montou um bar chamado Pasárgada (Pasárgada foi uma cidade-estado persa fundada por Ciro, o grande, mas nós conhecemos mais a do Manuel) na Vila Maria. Nunca fui e não deve existir mais. É um bom nome para um bar. Lembro também de uma tirinha de Calvin & Haroldo onde ambos conversavam sobre para onde iam após a morte. Não me lembro da resposta do Calvin mas adorei a do Haroldo, era algo como se depois de morrer ele fosse para um bordel em New Orleans ouvindo blues de verdade. É o céu! Procuro minha Pasárgada e cada vez mais acho que chegarei lá apenas depois que a Morte vier me buscar e ouvir o som de asas. Tenho esperança de encontrá-la antes principalmente porque em Pasárgada não sou amigo do rei.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Baratas

Começou o inferno dos dias calorentes, superaquecimento, 34, 35 graus. As baratas saem dos esgotos e reclamam a superfície. Gordas e saudáveis do tipo que é crocante ao pisar. Também aparecem as voadoras, péssimas voadoras, a natureza deu as asas mas não ensinou-as a voar.
Hora de espalhar iscas e armadilhas para tentar pegá-las numa tentativa inútil de acabar com o problema. Da onde saiu uma outras milhares estão para sair.
"Bichos escrotos, saiam dos esgotos(...)"
Preparem os chinelos.
Tempo

Não consigo organizar o tempo, muita coisa para pouco tempo. Estou me sentindo um coelho branco olhando a todo instante seu relógio de pulso e falando para ele mesmo que se encontra atrasado. Fiz uma lista das coisas para fazer mas não sei onde está. Junte a isso uma enorme aversão que ando tendo de computadores e mil coisas para fazer neles. Preciso de uma duplicata, um clone.
Primitivo

Segunda-feira no caminho do trabalho para o ponto de ônibus observei um morador de rua vestido com diversas camadas de roupas velhas e surradas, tentando combater o frio. Na cabeça usava uma touca preta sem nada escrito. Estava agachado sobre a terra sem grama do que deveria ser um jardim. Apoiava latinhas de refrigerante, cerveja e sucos na base de concreto de uma grade que outrora estava ali para cercar o jardim. Numa das mãos segurava um pedaço de concreto e amassava as latinhas, reduzindo-as a poucos centimetros de altura. A cena é por demais normal principalmente numa grande cidade. Mas o pensamento que me vinha a cabeça era outro, havia um "quê" de primitivo na cena. Lembrava claramente um homem-das-cavernas aprendendo a utilizar ferramentas improvisadas para adaptar o ambiente. Com certeza a capacidade de se adaptar do homem é grande, mas a maior capacidade do homem é adaptar o ambiente a si. O morador de rua estava adaptando o que encontrava a sua volta, instintivamente como seus antepassados.

sábado, setembro 17, 2005

NEVERWHERE

É, gostei, não é um Deuses Americanos mas já é uma obra do Gaiman, a qual era uma série da TV BBC que saiu em DVD lá para os gringos. É sobre a Londres-de-Baixo, dos subterrâneos. Lá vivem pessoas e coisas que não são percebidas pelas pessoas da Londres-de-Cima, a única coisa que existe em comum entre as duas realidades é o metrô. Existem um anjo, pessoas-que-falam-com-ratos, seres quase imortais e tantas coisas a maneira do Gaiman, mas é uma história levinha. Imagine que você trabalha como eu, vai e volta do trampo, tem seus pequenos momentos de prazer, vivendo numa cidade grande, um dia você tropeça numa pessoa e esta faz sua vida mudar radicalmente, você deixa de exister, sua casa, seus amigos, sua família esquecem que um dia você existiu. As únicas pessoas que lhe percebem são aquelas que vivem num misterioso mundo subterrâneo de estações fantasmas, seres mágicos e loucos como Alice no País das Maravilhas. Lá você vive aventuras perigosas e emocionantes e busca uma maneira de retornar a sua vida. Então após a busca desse seu sonho você consegue retomar a realidade que tanto buscou mas então se dá conta de que era uma realidade sonsa, sem graça. Sente-se um peixe fora d'água e então retorna ao submundo e o livro acaba nos deixando com aquele gostinho de quero mais.

terça-feira, setembro 13, 2005

Matar

Essa semana houve uma chacina na casa de uma família classe média de japoneses. Não estando satisfeitos com o roubo os ladrões mataram a todos, acho que sobreviveu um bebê e mais um rapaz. Matar deve ser fácil depois da primeira vez, cria-se uma falta de sentimento para com o próximo e as vezes prazer na dor deste. As pessoas passam a ser apenas insetos, sem nenhum valor. O jornalista que foi morto no Rio com requintes de crueldade usando espadas-samurai. Meu primo foi morto com um tiro na nuca e a namorada dele passou três dias com os assassinos antes de morrer. Consegue imaginar pelo que ela passou? Para alguns existe a certeza da impunidade o que lhe dá poderes divinos de vida e morte e outros devem gostar de provocar dor e matar. Você poderia andar pela rua, uma pessoa olharia pra você e por algum motivo enfiaria uma faca em suas costas e no máximo levaria os poucos trocados da sua carteira. Eu consigo imaginar um animal matar outro para lhe roubar a comida ou para comê-lo pois é assim que funciona na natureza. O animal não sente prazer de fazê-lo. O que leva um ser humano matar outro gratuitamente e poder chegar a ter prazer com isso? Por que alguns gostam de filmes violentos como do Tarantino? (confesso que eu gosto) Será que matar é fácil para todos nós, só que a maioria não ultrapassou esse limite. Há algo de libertador em tirar a vida de alguém? Um dia tive um sonho, era noite e brigava com um homem, não lembro de nada dele mas lembro do momento em que o matei com uma faca, abri a garganta dele sentindo a pele esticada do pescoço dele "destencionar" com a passagem da lâmina sem sentir um pingo sequer daquele "freio emocional" que sentimos ao tentarmos nos infrigir algum corte. No sonho senti prazer naquilo e uma certa preocupação em como esconder o fato. Carreguei o morto pela rua e larguei-o na rua de cima. Se matar nos liberta ao passarmos um limite moralmente não aceito pela sociedade então o assassino-em-série é a evolução do homem. Nunca conversei com alguém que matou outra pessoa, que eu saiba. Falei com um pré-policial uma vez, filho de um delegado, que dizia ter atirado em alguns presos, mas obviamente não acreditei no rapaz.

terça-feira, setembro 06, 2005

Imagens do Inconsciente

Hoje fui comprar os ingressos pro Mawaca no sábado e a balconista já foi me dando entrada para a um dos filmes da Mostra Leon Hirszman. De graça até injeção na testa então fui ver sem saber o que esperar. Assisti ao terceiro episódio do documentário Imagens do Inconsciente cujo título é A barca do Sol - Carlos Pertuis (Filho de imigrantes franceses, Carlos Pertuis (1910-1977) foi internado aos 29 anos quando teve uma visão cósmica do “planetário de Deus”. Algumas pinturas que produziu durante as internações foram analisadas por Jung no II Congresso de Psiquiatria, realizado na Suíça em 1957 ) representações Dionísicas, referências a Mitra e a Deusa-Mãe primordial numa linguagem quase-técnica e um rítmo mais lento que tartaruga. O assunto salva o documentário. Falta um pouco de dinamismo, edição e imaginação. Pude ouvir que no fundo do cinema alguém dormiu e pra falar a verdade quase segui o exemplo. O Inconsciente Coletivo de Jung é aplicado as imagens pintadas por Carlos Pertuis no Ateliê de Pintura e Modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro (atual Museu de Imagens do Inconsciente). O assunto é extremamente interessante e gostaria de me aprofundar mas estou um pouco lotado de coisas pra fazer no momento.

domingo, setembro 04, 2005

Livros

Na adolescência não gostava de ler, era um escravo televisivo, lia os livros da escola como aqueles do Marcos Rey. Mas por forças maiores, ou seja, meu tio e meu pai, comecei a ler ficção científica. Cresci assistindo Guerra nas Estrelas no cinema e Jornadas nas Estrelas na tv, junto com Galactica e Buck Rogers. Comecei pela leitura mensal de um livro de bolso da série chamada Perry Rhodan. Li uns cento e pouco deles, tenho alguns ainda, os que classifiquei como melhores, os outros troquei no Sebo. Li alguns maiores como 2010, 2061 e 3001. Por causa de Fundação nunca li Isaac Asimov, criei uma aversão. Nuvem Negra, A Vingança do Marciano, Vento Solar, A Boneca do Destino e muitos outros. Mas depois de Poe mudei de idéia, e ao mesmo tempo conheci Neil Gaiman (que era história em quadrinhos mas não essas de super-heróis). O terror caiu no meu gosto, não parei de ler ficção mas diminuí. Na época em que joguei RPG conheci JRR Tolkien e li a trilogia e mais algumas coisas. Philip Jose Farmer me segurou na ficção-científica mais um pouco, mas passei mais para fantasia e terror. Lewis Carroll, H.P.Lovecraft, uma salada de gêneros. Então comecei com os "intelectuais", os grandes. Li um do Marx, Dostoievski e alguns outros mas sinto que perco um pouco a vontade de ler. Um bom e leve romance como O Código Da Vinci é fácil de digerir, como assistir Indiana Jones por exemplo. Já quando o texto têm mais profundidade é necessário prestar atenção a cada parágrafo. E concentração não é o meu forte, fico dispersando. Agora estou lendo Nietzche, depois dele um do Gaiman, talvez Júlio Verne e Mr. Hyde e Dr. Jekyll que comprei por um real. Poderia ser como em Matrix e seria só espetar um plug no crânio e passar a informação instantaneamente. Rápido e fácil. Leria tudo que visse a minha frente, gosto de ler pena que não consiga mais ser rápido. Daqui a pouco vou voltar pro Nietzche mas vou conseguir ler apenas algumas poucas palavras.

quinta-feira, setembro 01, 2005

Saco!

Tive uma lembrança, um sentimento nostálgico sobre uma coisa insignificante, uma saudade dos sacos-de-papel-pardo-de-supermercado. Não existiam os sacos plásticos de hoje em dia em polipropileno (obs. os primeiros plásticos eram feitos de mistura de leite e plantas). É claro que as árvores e os xeiques do petróleo agradeceram a mudança mas ainda acho essas sacolinhas plásticas sem charme e o destino delas é virar saco-de-lixo-de-pobre, e claro, isso me inclui. Dava para fazer dois furinhos pros olhos e enfiar a cabeça dentro que ficava muito bom.
Hoje só sobrevivem os saquinhos de pão e mesmo esses acho que acabarão um dia.
Parece idiota ter saudades de algo tão banal mas não é não, quando mais velho ficamos mais lembranças idiotas nos retornam, e essas são as melhores pois as outras são ruíns.
Mas o petróleo vai acabar um dia e quem sabe qual será o futuro das embalagens plásticas.
Uma professora de materiais flexíveis disse uma vez que isso pode vir a acontecer, então os sacos-de-papel-pardo-de-supermercado poderão retornar, assim como o celofane (é papel sim) e alguém, quem sabe, terá saudades dos sacos plásticos.

terça-feira, agosto 30, 2005

Não sou fã de Dire Straits
mas ouvi essa música de madrugada na KISSFM uma rádio só de clássicos (antigas músicas) de rock e gostei muito.


Telegraph Road

A long time ago came a man on a track
walking thirty miles with a sack on his back
and he put down his load where he thought it was the best
he made a home in the wilderness
he built a cabin and a winter store
and he ploughed up the ground by the cold lake shore
and the other travellers came riding down the track
and they never went further and they never went back
then came the churches then came the schools
then came the lawyers then came the rules
then came the trains and the trucks with their loads
and the dirty old track was the telegraph road
Then came the mines - then came the ore
then there was the hard times then there was a war
telegraph sang a song about the world outside
telegraph road got so deep and so wide
like a rolling river...And my radio says tonight it's gonna freeze
people driving home from the factories
there's six lanes of trafficthree lanes moving slow...
I used to like to go to work but they shut it down
I've got a right to go to work but there's no work here to be found
yes, and they say we're gonna have to pay what's owed
we're gonna have to reap from some seed that's been sowed
and the birds up on the wires and the telegraph poles
they can always fly away from this rain and this cold
you can hear them singing out their telegraph code
all the way down the telegraph road
You know I'd sooner forget but I remember those nights
when life was just a bet on a race between the lights
you had your hand on my shoulder you had your hand in my hair
now you act a little colder like you don't seem to care...
but believe in me baby and I'll take you away
from out of this darkness and into the day
from these rivers of headlights these rivers of rain
from the anger that lives on these streets with these names
'cos I've run every red light on memory lane
I've seen desperation explode into flames
and I don't wanna see it again...
From all of these signs saying sorry but we're closed
all the way down the telegraph road
Covardes

Um dia ouvirás a triste sina dos que lutaram e perderam e perceberá que a vida é mais que pequenos vencedores e covardes. Perceberás que sua razão de existência é um nada, um vazio. Suas conquistas pessoais são meros acontecimentos não dignos de nota.
Sua vida covarde não mudou nem tocou a história. Você foi só um entre tantos, um grão de areia seco no deserto. Mas eu posso entender essa sua insignificância e covardia pois no presente não vale apena lutar porque ninguém vai comemorar, não haverá recompensa nem reconhecimento e a sua certa derrota estará esquecida na manhã seguida. Viva então esta sua vida covarde e fique satisfeito e feliz antes de morrer e ser esquecido.
A Cidade

Vejo as pessoas andando e correndo em meio as minhas entranhas, assustadas, desligadas, felizes e tristes. Geralmente não me percebem pois não me ouvem. Fui, sou e sempre serei maior que elas e quando elas se vão fico e acolho seus descendentes.
Nasci e cresci tal qual elas mas existirei por muitos anos a mais. Algumas dessas pessoas me odeiam e pouquíssimas me amam mas todas em mim vivem. Eu deveria odiá-las pela maneira como me tratam mas estou acima disso. Poderia ser grata pois foi através delas que nasci mas só o fizeram por necessidade. Temê-las também poderia porque quem cria também destrói.
O que sei com certeza é nossa ligação, nossa simbiose. As pessoas me transformam e de certa forma eu as transformo, e se um dia elas se forem começarei a morrer até retornar ao solo de onde surgi. Se ainda restar alguma pessoa esta poderá se lembrar de mim, do meu passado a até andará sobre minha ruína deixando-me viver em seus pensamentos assim como as pessoas viviam nos meus.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Educação começa em casa.

Será que o povo não tem educação por não ter cultura ou não tem cultura por não ter educação.
Na minha "pequena" cidade existem mais ou menos setenta museus que cobram um pouco a visita ou são dê entrada franca, dezenas de galerias e exposições. Diversos jornais, alguns de distribuição gratuita. Sebos, bancas e para alguns milhões a TV tem o JN e diversos outros (dica: se você for uma pessoa mais ligada assista a jornais de canais diferentes) e, ainda, para os que podem, há a internet. Todos temos acesso a informação em todas as suas formas.
Acho que a informação é base para se obter cultura, não uma cultura descartável mas uma que adiciona algo a sua vida. Talvez algumas pessoas achem que saber o capítulo de ontem da novela seja cultura mas se o for é tão descartável, tão inútil a longo prazo. Eu deveria saber mais sobre a novela das oito por um único motivo, conseguir conversar com aqueles que assistem a novela. Erro por não ter essa cultura descartável. Pode parecer elitista (minha irmã me acusou disso uma vez) mas essa cultura não me interessa e erro ao ignorá-la totalmente. Não sei qual a moda, que banda de pagode, axé, forró ou qualquer coisa semelhante está nas "paradas" por uma questão de gosto. Se seria mais feliz por ter essa cultura descartável não sei, só tenho certeza que não sou da elite, aliás muito pelo contrário. A cultura está ao alcance de todos pois ela é feita de informação, e esta última existe aos montes e pode ser acessada por analfabetos, cegos, mudos, paraplégicos, doentes, moradores de rua, favelados, comerciantes, empresários, presidentes, eu e você. Então ter cultura seria questão de vontade de tê-la.
Esta vontade é moldada pelo meio. E o meio em que se vive começa com a família. Mas família é uma instituição em declínio. Posso afirmar que não existe família que viva em equilíbrio. Com certeza nunca existiu mas o declínio parece estar aumentando. Alguns se sentem obrigados a viver em família, outros estão amarrados a ela. A relação entre pais e filhos deteriorou talvez porque a autoridade dos pais foi deixada de lado pelos mesmos e os filhos aproveitaram. Na família aprendemos o começo do que é certo ou errado e se não temos exemplos fortes para seguir espalharemos os defeitos para os descendentes. Acho que o que mais se perdeu no declínio da família foi a educação que a cultura descartável não supre de modo algum. Sem exemplos bons os pais passam para os filhos o errado. Noutro dia no caminho do trabalho observava um casal sentado naqueles bancos altos do ônibus (pra quem não conhece são os bancos sobre os eixos) que alimentava com um desses sucos a base de soja em caixinhas "tetrapak" seu bebê. A garotinha com a ajuda de seus pais terminou os poucos mililitros da embalagem. O pai passou a embalagem para a filha e a ajudou a erguer-se até alcançar a janela pela qual a criança jogou a embalagem. Posso parecer algo muito pequeno mas a criança está aprendendo o errado. É claro que seus pais não são criaturas malévolas que sujam as ruas apenas para se divertir quando a chuvas transbordam os rios. Eles não tiveram a educação necessária para transformar a informação presente no dia-a-dia em cultura, no caso cultura ambiental. Não sou ecologista mas certas coisas não faço pois sei que é errada.
Quando falo em educação não me refiro a escola, pois nem todos terão acesso a ela e a mesma não lhe fornece o tipo de educação que sua família deveria dar. Se o povo não tiver uma educação familiar não adiantará lhe dar escola pois até tornar-se-ão universitários mas não contribuirão para a melhora da cultura de um povo.

Esse texto foi bem mal escrito e com certeza não profundo nem correto, mas "enchi-linguiça"

segunda-feira, agosto 22, 2005

Lembranças da Infância
Sábado a noite juntamente com uma taça de vinho discutia junto com uma amiga e um casal de amigos dela sobre as lembranças de infância. Então pegando carona no assunto: Só lembramos dos momentos difíceis ou traumáticos e esquecemos os bons momentos e as descobertas. Não seria ótimo lembrar de como foi a primeira vez em que andamos como bípedes, ou o primeiro sorvete, a primeira vez na praia, areia sob os pés, deitar na grama e tantas outras coisas. Mas não nos lembramos de quase nada disso, talvez a primeira vez em que andamos de bicicleta sem aquelas "rodinhas-de-equilíbrio" seja algo bom de lembrar mas só lembramos pois no fundo sentimos medo por alguns segundos antes de nos sentirmos bem por conseguirmos. Que mente cruel é esta que lembra geralmente os momentos ruíns da vida e esquece os bons. Quem programou o cérebro para trabalhar tão errado? Será que o drama é mais importante que a alegria?
Esqueça as fotos de infância e tente se lembrar dos bons momentos de sua vida antes dos cinco anos e verá que quase não há o que se lembrar mas você lembrará de brigas, discussões e outras coisas negativas. A razão disso é para aprender o que é errado e nunca esquecer, apenas um mecanismo trágico da natureza? E por quê um pouco mais velhos lembramos de ambas as coisas? Lembro da mão fantasmagórica saindo da TV fora-do-ar em Poltergeist, mas também lembro de Monty Phyton.
Somente perguntas que não sei quem pode responder.

domingo, agosto 21, 2005

Um pequeno texto sobre o homem e o fogo

No começo era só a natureza, sozinha com sua flora, fauna e tudo mais. Um dia ela cometeu seu maior erro, o homem. Junto com o homem vieram os deuses e estes reinaram com poder total sobre todo este mundo.
Quando o homem dominou o fogo os deuses temeram. Até aquele momento foi relativamente fácil aceitar as armas e ferramentas do homem pois estas só interferiam com a natureza. Com o fogo o homem criava luz e calor como só seus deuses faziam. O fogo acendeu na mente do homem a chama de seu próprio poder. Após o fogo ainda passariam milhares de anos para a queda das divindades deste mundo. Os deuses que surgiram após a queda eram criados pelo homem. Este agora anda sobre os ossos dos antigos deuses e sobre as cinzas da natureza moldando seus deuses a sua vontade ignorando que um dia a natureza tentará corrigir seu erro se conseguir então talvez os antigos deuses retornem para reclamar seu outrora perdido mundo.

Deveria ter trabalhado mais nesse texto mas estou sem imaginação e com dor-de-cabeça

sábado, agosto 13, 2005

Canto d'olho
Fui a pouco a cozinha buscar um copo d'água, como geralmente acontece ele está lá, rapidamente fugindo do canto d'olho. Inutilmente e numa fração de segundo você tenta seguí-lo em seu movimento mas já é tarde, se foi. Esse era branco e baixo, do tamanho de um cachorro mas disforme e vago. Não existe reflexo humano capaz de acompanhá-los e por mais que os veja sei que não são nada. Porém é um nada de chamar a atenção. Quando criança os via com mais frequência, principalmente num apartamento no qual vivi que tinha uma história de morte e um corredor escuro o suficiente para esperarem até a hora de aparecer. Vultos são eles, perdidos a sua volta num jogo de esconde-esconde aguardando a hora de aparecer no canto d'olho.

domingo, agosto 07, 2005

Estava numa conversa de bar, a melhor conversa que existe, com uma grande amiga minha a qual me dizia que minha mente não condizia com a realidade de hoje... As vezes é isso mesmo que sinto. Deveria ter nascido pelo menos dez anos antes. Teria realizado mais que realizei.
Hoje a vida é insípida. Hoje só vale o eu, não nós. Não há ideologias, nem utopias ou sonhos coletivos para seguir. Os jovens são uma piada, até mesmo para eles. Não se importam, ninguém se importa. Os velhos estão morrendo e a maioria deles é uma mentira. Só restará um "ismo"?
Nasci na época errada no país errado. Pode parecer e parece piada, mas sou patriota até onde me permito ou me permitem. Gosto do Brasil apesar dos brasileiros. Sou bairrista.
O Brasil não é o "país do futuro", nunca será.
O que nos resta é remar com a maré?
Só digo uma coisa, se lhe oferecerem duas pílulas, pegue a Azul e seja feliz.
Contrariando psiquiatras, psicólogos e intelectuais, a ignorância é uma benção.
Queria ligar a TV no domingo e gostar do que vejo, mas não gosto, agora é tarde, só a lobotomia me salvaria.

sexta-feira, julho 29, 2005

Poema do silêncio – José Régio

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.

terça-feira, julho 26, 2005

Este é meu primeiro blog (e talvez o último).
Mas...
Até uma jornada de mil milhas começa com um pequeno passo.
Provérbio japonês
Então que comece assim.