sexta-feira, outubro 14, 2005

Primitivo

Segunda-feira no caminho do trabalho para o ponto de ônibus observei um morador de rua vestido com diversas camadas de roupas velhas e surradas, tentando combater o frio. Na cabeça usava uma touca preta sem nada escrito. Estava agachado sobre a terra sem grama do que deveria ser um jardim. Apoiava latinhas de refrigerante, cerveja e sucos na base de concreto de uma grade que outrora estava ali para cercar o jardim. Numa das mãos segurava um pedaço de concreto e amassava as latinhas, reduzindo-as a poucos centimetros de altura. A cena é por demais normal principalmente numa grande cidade. Mas o pensamento que me vinha a cabeça era outro, havia um "quê" de primitivo na cena. Lembrava claramente um homem-das-cavernas aprendendo a utilizar ferramentas improvisadas para adaptar o ambiente. Com certeza a capacidade de se adaptar do homem é grande, mas a maior capacidade do homem é adaptar o ambiente a si. O morador de rua estava adaptando o que encontrava a sua volta, instintivamente como seus antepassados.

Nenhum comentário: