quarta-feira, outubro 19, 2005

AHHHH!!!!!!!!!!

Raiva, angústia, ódio, medo, desejo, tristeza, solidão, esperança, fuga, esquecimento, dor e ainda não é quarta-feira, acho que preciso de um gole.

terça-feira, outubro 18, 2005

Uma do Manuel:
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei e bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada...

Anos atrás um ex-amigo e ex-patrão de meu pai montou um bar chamado Pasárgada (Pasárgada foi uma cidade-estado persa fundada por Ciro, o grande, mas nós conhecemos mais a do Manuel) na Vila Maria. Nunca fui e não deve existir mais. É um bom nome para um bar. Lembro também de uma tirinha de Calvin & Haroldo onde ambos conversavam sobre para onde iam após a morte. Não me lembro da resposta do Calvin mas adorei a do Haroldo, era algo como se depois de morrer ele fosse para um bordel em New Orleans ouvindo blues de verdade. É o céu! Procuro minha Pasárgada e cada vez mais acho que chegarei lá apenas depois que a Morte vier me buscar e ouvir o som de asas. Tenho esperança de encontrá-la antes principalmente porque em Pasárgada não sou amigo do rei.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Baratas

Começou o inferno dos dias calorentes, superaquecimento, 34, 35 graus. As baratas saem dos esgotos e reclamam a superfície. Gordas e saudáveis do tipo que é crocante ao pisar. Também aparecem as voadoras, péssimas voadoras, a natureza deu as asas mas não ensinou-as a voar.
Hora de espalhar iscas e armadilhas para tentar pegá-las numa tentativa inútil de acabar com o problema. Da onde saiu uma outras milhares estão para sair.
"Bichos escrotos, saiam dos esgotos(...)"
Preparem os chinelos.
Tempo

Não consigo organizar o tempo, muita coisa para pouco tempo. Estou me sentindo um coelho branco olhando a todo instante seu relógio de pulso e falando para ele mesmo que se encontra atrasado. Fiz uma lista das coisas para fazer mas não sei onde está. Junte a isso uma enorme aversão que ando tendo de computadores e mil coisas para fazer neles. Preciso de uma duplicata, um clone.
Primitivo

Segunda-feira no caminho do trabalho para o ponto de ônibus observei um morador de rua vestido com diversas camadas de roupas velhas e surradas, tentando combater o frio. Na cabeça usava uma touca preta sem nada escrito. Estava agachado sobre a terra sem grama do que deveria ser um jardim. Apoiava latinhas de refrigerante, cerveja e sucos na base de concreto de uma grade que outrora estava ali para cercar o jardim. Numa das mãos segurava um pedaço de concreto e amassava as latinhas, reduzindo-as a poucos centimetros de altura. A cena é por demais normal principalmente numa grande cidade. Mas o pensamento que me vinha a cabeça era outro, havia um "quê" de primitivo na cena. Lembrava claramente um homem-das-cavernas aprendendo a utilizar ferramentas improvisadas para adaptar o ambiente. Com certeza a capacidade de se adaptar do homem é grande, mas a maior capacidade do homem é adaptar o ambiente a si. O morador de rua estava adaptando o que encontrava a sua volta, instintivamente como seus antepassados.