terça-feira, outubro 18, 2005

Uma do Manuel:
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei e bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada...

Anos atrás um ex-amigo e ex-patrão de meu pai montou um bar chamado Pasárgada (Pasárgada foi uma cidade-estado persa fundada por Ciro, o grande, mas nós conhecemos mais a do Manuel) na Vila Maria. Nunca fui e não deve existir mais. É um bom nome para um bar. Lembro também de uma tirinha de Calvin & Haroldo onde ambos conversavam sobre para onde iam após a morte. Não me lembro da resposta do Calvin mas adorei a do Haroldo, era algo como se depois de morrer ele fosse para um bordel em New Orleans ouvindo blues de verdade. É o céu! Procuro minha Pasárgada e cada vez mais acho que chegarei lá apenas depois que a Morte vier me buscar e ouvir o som de asas. Tenho esperança de encontrá-la antes principalmente porque em Pasárgada não sou amigo do rei.

Um comentário:

Anônimo disse...
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