terça-feira, agosto 30, 2005

A Cidade

Vejo as pessoas andando e correndo em meio as minhas entranhas, assustadas, desligadas, felizes e tristes. Geralmente não me percebem pois não me ouvem. Fui, sou e sempre serei maior que elas e quando elas se vão fico e acolho seus descendentes.
Nasci e cresci tal qual elas mas existirei por muitos anos a mais. Algumas dessas pessoas me odeiam e pouquíssimas me amam mas todas em mim vivem. Eu deveria odiá-las pela maneira como me tratam mas estou acima disso. Poderia ser grata pois foi através delas que nasci mas só o fizeram por necessidade. Temê-las também poderia porque quem cria também destrói.
O que sei com certeza é nossa ligação, nossa simbiose. As pessoas me transformam e de certa forma eu as transformo, e se um dia elas se forem começarei a morrer até retornar ao solo de onde surgi. Se ainda restar alguma pessoa esta poderá se lembrar de mim, do meu passado a até andará sobre minha ruína deixando-me viver em seus pensamentos assim como as pessoas viviam nos meus.

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