domingo, junho 10, 2007

Uma história do meretrício

A história de S. não é muito diferente de muitas outras mas com certeza não é igual as retratadas nas novelas da Globo. Quase sempre as prostitutas na mídia são mulheres lindas e cobrariam valores de três dígitos por um programa. Na vida real há aquelas como da novela, também aquelas universitárias, siliconadas e algumas são até mais TOP, ganham mais que muito executivo, mas são uma porcentagem mínima. Algumas são atrizes em novelas da própria Globo.
O que ninguém gosta de mostrar é que com certeza a grande maioria das "garotas de programa" não pode sair em capa de revista. Visite um centro decadente de uma cidade qualquer, até as pequenas e lá estão as prostitutas dos pobres. Fazendo ponto em botecos, praças e bordéis baratos (onde o cliente ganha um copo de cerveja quente de graça pra entrar), fazendo anúncios em jornaizinhos ou colando adesivos em telefones públicos.

A garota de programa S. (é mais leve usar garota de programa que prostituta, p, r e t são letras muito fortes para estarem juntas assim) não é uma garota, já entrou nos "enta" a algum tempo e seu corpo não tem nada haver com a Camila Pitanga. Não tem muita educação nem bom gosto. Deixou a filha com uma irmã muitos anos atrás e veio do interior convidada por uma outra irmã que fazia programas também. Trabalhou em alguns privês nos bairros quase-chiques e não ganhou dinheiro, ganhou um filho. Pra ajudar nas despesas aluga um quarto na casa que a filha comprou pra ela e consegue ganhar pro sustento do vício que não passa de um pacote de cigarro. Seus clientes são bêbados, velhos, office-boys e pessoas que andam a toa. Ela não se dá ao luxo de fugir de cliente e pode ganhar um bom dinheiro num dia e nada no outro. Não gosta do que faz mas não desgosta e prefere essa vida do que ser diarista.

Essa é a vida dela e uma parcela da população que assiste a novela acha que toda prostituta é daquele jeito que aparece ali.

Um comentário:

Lili disse...

É verdade. Parece um "personagem" BEM REAL. Você a conheceu?

Uma vez uma amiga fez um trabalho com travestis-de-programa. Queria muito ter ido, mas confesso que fiquei com medo de ir ao lugar onde elas/eles fazem ponto a noite.